quarta-feira, abril 11, 2012

Opine, mas aponte os verdadeiros culpados!

Nos últimos tempos, decepciona cada vez mais o que as instâncias que defendem os nossos interesses ocupam seu tempo em discussões vazias, recheadas de sensacionalismo.
Eu dispenso esta preocupação falsa com a integridade da mulher na discussão do aborto de feto acéfalo. Recolho-me também a expor minha opinião a favor ou contra porque ao contrário das pessoas envolvidas na discussão, primeiro, não quero alimentar este sensacionalismo, vejo claro mais uma vez, um interesse escuso das grandes instâncias em diminuir seus problemas e claro, despender menos recursos dentro do sistema já entupido na saúde pública. Recolho também as minhas inclinações religiosas, as minhas crenças que não cabem aqui no momento.

Alguém sabe qual é a culpa do aborto? Da mulher, isto mesmo, é o que poder público coloca na cabeça da opinião pública cega e limitada. A mulher aborta ou porque é fraca demais, ou porque tem em si uma fortaleza prepotente, ela aborta porque está abandonada a própria sorte, ou porque por sorte tem condições de fazê-lo.Coitada da mulher!

Não possui para a mulher o minimo de acompanhamento. Não há para a mulher o minimo de proteção. Oferece-se a mulher na situação de anecefalia, estupro, abandono um único caminho, o caminho do desespero, da indecisão, da pressão, e por fim, o aborto. E quem disse que para por aí? Daí vem a lembrança, as recordações, as dificuldades de refazer e rever a vida após tal ato. A contagem dos aniversários que não foram comemorados. A sensação do que poderia ter ocorrido entre outros.

Surpreendeu-me por exemplo como mulheres vitimas de estupro são tratadas. Não há a preocupação de atenuar as consequências da violência em prol da vida. E mesmo após um acompanhamento que só ocorre em um único dia, se a mulher opta pelo ato abortivo, é tratada pela própria equipe médica e de enfermagem (sem claro generalizações!) como assassina, como se a mulher tivesse condições de discernir qualquer coisa após uma violência sem precedentes que é a violência sexual.

Não há terceiros envolvidos nesta discussão. No caso do estupro, muitas vezes a conceituação é que a mulher provocou; nenhuma médico responde por qualquer diagnóstico inequívoco de anecefalia; nenhum pai vai para cadeia por não registrar o filho, inclusive isto só é feito a muito custo se este aceita realizar um DNA, uma prova de paternidade; a mãe não precisa provar que é mãe para se responsabilizar, mas o pai pode optar ser ou não ser.

Alguém já perguntou para uma mulher o que ela sente nestas situações descritas? Já perguntou seus desejos e aflições? Quando ela já possui filhos e descobre-se, por motivos de risco de sua morte, optar por sua vida ou pela vida do próprio filho, ela opta por ficar mais um tempo viva para cuidar dos que já são seus? Quando ela passa por uma violência sexual, e se vê além dos riscos de adquirir doenças sexualmente transmissíveis, ela se vê grávida do seu agressor e psicopata? Quando ela recebe a noticias da encefalia e o médico a aborda como se ela e a criança fosse mais um? Ou mesmo um simples abandono do namorado, uma simples falta de apoio da família como se sente esta mulher, grávida, gestante e em um momento limite?

Aqui não falo de opinião, a opinião é minha, e não importa a ninguém. Só quero mostrar que o aborto já existi embora clandestinamente, porém, não é a mulher a grande asssassina, e sim o total abandono e solidão a qual ela é conduzida. Em uma sociedade machista e hipócrita são os dedos apontados para ela que levam seus passos até o aborto. Toda a mãe solteira sabe disto! Quantos dedos lhes são apontados!

Por fim, eu gostaria que o poder público preocupa-se em atender efetivamente estas mulheres. Vocês sabiam que ao ministrar o ácido fólico impede-se a eminência desta doença em quase 99,9%, mas quantas mulheres tem acesso efetivo a este medicamento da unidade pública de saúde? OU melhor, quantas mulheres em condição de abandono, passam por um pré-natal, são acompanhadas? A diferença da mãe da Vitória não é a condição financeira, mas o apoio da família, dos amigos, do pai, talvez todo o pessimismo do médico ela teve um apoio psíquico para passar por este provação. E isto faz uma diferença que não tem tamanho.

Oriente elas sempre em favor da sua vida, e da vida da sua prole. E que as pessoas tenham compaixão e respondam com amor sob aquelas que por tantos motivos abordei, arriscam suas vidas não físicas como psíquicas ao fazer esta opção porque não vêem uma luz ao final do túnel.. porque se olharmos bem para elas, efetivamente, as portas são fechadas, as janelas trancadas, e não há realmente saída...